Campus Online: Coletivo com Arte abre espaço para reflexão sobre artes visuais


Terça, 28 de junho de 2011 15:13

Cerca de trinta pessoas estavam presentes no Auditório da Casa da Cultura da América Latina (CAL) na noite de ontem. O encontro abriu espaço para a apresentação do projeto Coletivo com Arte e de seu novo trabalho, o busdoor, e para discussão sobre arte urbana, democratização, divulgação e fomento das artes visuais.

A proposta de realização do debate surgiu por meio da parceria entre o coletivo e a CAL. Participaram da mesa-redonda os artistas Glenio Bianchetti, Lêda Watson, Milton Marques, Fernando Aquino e Márcio Mota. Para mediar a discussão, estiveram presentes a professora da UnB Maria Beatriz de Medeiros e a diretora da CAL, Ana Queiroz.

Nuara Vicentini, coordenadora do projeto, abriu a noite de debates contando a história do Coletivo. A circulação da imagem e inserção da arte no cotidiano são pontos chave da iniciativa. Mas, apesar do ar inovador, a proposta do busdoor foi inspirada em um projeto de intervenção urbana do Rio Grande do Sul. Para Nuara, um projeto inspira outro e esse intercâmbio é muito importante para as artes. “Seria muito legal se outros projetos se inspirassem no Coletivo com Arte”, disse a coordenadora.

A gravura dos busdoor foi desenvolvida por cada um dos artistas com uma técnica diferente.

A artista Lêda Watson acredita que o projeto vai despertar nas pessoas o interesse pela arte
Lêda Watson trabalha há 44 anos com gravura em metal e faz isso sempre tentando transmitir conhecimento. “Os artistas, pelo conhecimento que adquirem, têm a obrigação moral de transmiti-lo”, diz. Os meninos do grupo de artistas plásticos Tuttaméia, por sua vez, brincam com o conceito de fuleragem*, ao fotografar a cambalhota de um jovem nu.
Independentemente da forma original, as gravuras foram transformadas em plotter para ilustrar lugares onde normalmente seriam exibidas publicidades. Os 60 espaços de publicidades em ônibus somaram 50% de todo o orçamento do projeto.

Durante o debate, Bia de Medeiros, professora da UnB, criticou o fato de sermos bombardeados por imagens no dia-a-dia e observou que a arte se torna um momento de respiro.
A novidade é quando o momento de respiro acontece no lugar da publicidade. “O Coletivo traz a possibilidade da arte fora da galeria, a arte sem dizer que é arte, e por isso provoca uma reflexão inusitada”, acrescentou Márcio Mota.

Para a professora Ariane Abrunhosa, a arte integrada ao cotidiano da população se torna um momento educativo. “É importante trazer esse contato com a arte desde cedo. E o Coletivo com Arte faz essa aproximação com o público de forma completa. Primeiramente com os busdoor, depois com a distribuição dos postais com as explicações do projeto e finalmente com o blog, que permite o aprofundamento do debate sobre a arte urbana”, comentou Ariane.
Luiza Mader, produtora do Coletivo, ressaltou a dificuldade do projeto em conseguir espaço para pendurar os banners. “Por falta de conhecimento, as pessoas não permitem a exibição. Acham que vai sujar o local ou causar distúrbio. Por esse motivo que o Coletivo com Arte quer continuar expandindo e explorando as aberturas pedagógicas da aproximação com o público”, explica.

Além da democratização, foi discutida a criação de uma memória das artes. Glenio Bianchetti é defensor de que o Estado deveria garantir mais incentivo para a criação artística e acompanhar o andamento dos trabalhos. Para tanto, uma memória deve ser feita.
Nesse sentido, o Coletivo se preocupou em registrar por meio de um mini-documentário, a reação das pessoas ao se deparar com a arte na rodoviária. O vídeo será exibido na rodoviária do plano piloto, no dia 11 de julho, na ocasião de encerramento do projeto.

Escrito por Brenda Monteiro
Foto: Mariana Pizarro

* Ação ou atitude de diversão descomprometida, mas amigável (Segundo Dicionário InFormal)




Nenhum comentário:

Postar um comentário