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ACHA BRASÍLIA: ENTREVISTA

Renato Acha

O projeto Coletivo com Arte promove um deslocamento da arte comumente exposta em galerias e museus para a rua, por meio da apresentação de obras de seis artistas, que circulam pela cidade em sessenta busdoors, adesivos comumente utilizados para o anúncios de peças publicitárias.

A iniciativa dialoga muito bem com a proposta arquitetônica de Brasília, cidade nascida sob o signo da arte, surgida de traços de artistas e repleta de obras de arte expostas a céu aberto.

O Acha Brasília conversou com Nuara Vicentini, uma das idealizadoras do projeto, que revelou mais detalhes sobre a ação, a seleção dos artistas e os desdobramentos para o futuro.

Acha – Me fale sobre como surgiu a ideia deste projeto inovador.

Nuara Vicentini – O Coletivo com Arte surgiu da adaptação de um projeto que acontecia em Pelotas, no período em que morei lá. Na verdade, o que nos interessou foi o fato da Arte estar na rua, no cotidiano, arte gratuita e inserida no contexto do “comum”, do dia a dia. E no caso do Coletivo (ônibus) o mais interessante, é que a imagem circula, transita entre nós, imergindo na nossa vida, no nosso repertório visual e sensível. E essa configuração de imersão, sugere uma intervenção urbana, que tem dimensão e se adapta ao contexto urbano.
Agora, é importante lembrar que o projeto não consiste apenas na circulação da imagens no busdoor, mas ele é composto de três tipos de acessibilidade às obras desse artistas: os ônibus, os 48.000 (quarenta e oito mil) postais que estão sendo distribuídos gratuitamente, nos terminais rodoviários de várias cidades satélites e plano piloto, nos locais parceiros, além da UnB e o blog do Coletivo. Este último tem como objetivo, se tornar um espaço de discussão, sugestão, crítica, diálogo e informação. Na frente dos postais estão as imagens disponibilizadas nos 60 ônibus que estão circulando pelo DF, e no verso, estão algumas informações sobre o artista e sobre o coletivo.

Para completar a proposta do Coletivo com Arte, haverá uma mesa redonda com os artistas convidados do projeto, o Coletivo (nós da organização do projeto), a professora Bia Medeiros e a Diretora da CAL. Acontecerá na Casa da Cultura da América Latina, no dia 27 de junho às 19 horas, gratuitamente.

Este nome Coletivo se atribui tanto ao nome do projeto, quanto ao grupo que o executou, que é formado por: Nuara Vicentini (idealizadora e coordenadora do projeto); Nina Bianchetti (assessora de comunicação); Fábio Baroli (programador visual); Luiza Mader Paladino (produtora) e Rebeca Damian (produtora). Outra coisa é que, por mais que tenha havido uma idéia inicial bem estruturada do projeto, ele só foi possível pela sua continuidade Coletiva também, afinal, todos os outros componentes contribuíram para o enriquecimento e aprimoramento da idéia.

Acha – Como foi a seleção dos artistas?

Nuara Vicentini – A escolha dos artistas foi o mais complicado talvez, porque, como selecionar seis artistas dentre tantos ótimos artistas da cidade. Como todos os integrantes do Coletivo transitam no meio das artes, fizemos o seguinte: primeiro definimos o conceito da escolha dos artistas, onde, a máxima, era a diversidade e isso permeou todo o projeto. Diversidade de gerações, de gêneros e de linguagens artísticas.

Outra questão de antemão ao convite dos artistas, foi a decisão de que queríamos mostrar a arte e os artistas de Brasília, nesse projeto piloto. Acreditamos que é de grande importância para qualquer sociedade, comunidade se re-conhecer. Por isso partindo do local para o global. A partir dessas decisões conceituais tomadas, cada integrante do projeto, escreveu num papel o nome de artistas da cidade, dois de cada geração, tentando equilibrar na escolha de gêneros e de preferência optando por várias linguagens.

Depois disso juntamos todas as indicações, muitas eram comuns, outras tivemos que repensar e depois de escolhidos, entramos em contato com todos eles. Se a escolha deles foi o mais difícil em contrapartida o mais fácil foi a aceitação por parte dos artistas convidados, pois todos eles aderiram a proposta de imediato e se apaixonaram tanto pelo projeto como nós do Coletivo.

Acha – Quais os desdobramentos para o futuro?

Nuara Vicentini - Bom, como desdobramentos futuros gostaríamos e pretendemos que o Coletivo tenha uma boa aceitação e que possa ser um projeto contínuo em Brasília, de modo que acreditamos na potencialidade do projeto ser incorporado, de fato, à nossa cultura local. Caso isso aconteça a nossa meta é ampliar o projeto como um todo, ou seja, o número de ônibus coletivos circulando com as imagens de nossos artistas, consequentemente o número de rotas pelo DF, o número de artistas participantes e futuramente ampliar a proposta para artistas nacionais e quem sabe internacionais, sempre garantindo o espaço dos artistas locais. Lembramos que este é o projeto piloto, sendo assim, nós do Coletivo, após o término dessa edição, reavaliaremos todo o processo, mantendo assim o que foi positivo e reformulando o que puder ser melhorado.

Lembramos também que estamos realizando um mini-curta documentário do projeto, pela empresa Muruá e que esse documentário será veiculado no fechamento do projeto, que acontecerá na Rodoviária do Plano Piloto no dia 11 de julho às 18 horas. O projeto tem patrocínio do FAC (Fundo de Apoio à Cultura) da Secretaria de Cultura do DF, apoio da CAL/DEx/UnB, do Coletivo Muruá, da Sete Sign – Comunicação Digital e Pastelaria Viçosa.

Serviço: Mesa-redonda com a presença dos artistas convidados, Glenio Bianchetti, Lêda Watson, Galeno, Milton Marques, TuTTaméia (Márcio Mota e Fernando Aquino) e Clarice Gonçalves.
No encontro, será apresentado o Projeto e debatidas questões sobre arte urbana, democratização, divulgação e fomento das artes visuais. A mesa contará, ainda, com a presença da professora da UnB, Dra Maria Beatriz de Medeiros, e da diretora da CAL, Dra Ana Queiroz.
Data: 27 de junho de 2011 (segunda) às 19 horas
Local: Auditório da CAL (Setor Comercial Sul, Quadra 04, Edifício Anápolis, térreo)
O evento é aberto e gratuito.

www.achabrasilia.com/coletivo-com-arte-2

Campus Online: Coletivo com Arte abre espaço para reflexão sobre artes visuais


Terça, 28 de junho de 2011 15:13

Cerca de trinta pessoas estavam presentes no Auditório da Casa da Cultura da América Latina (CAL) na noite de ontem. O encontro abriu espaço para a apresentação do projeto Coletivo com Arte e de seu novo trabalho, o busdoor, e para discussão sobre arte urbana, democratização, divulgação e fomento das artes visuais.

A proposta de realização do debate surgiu por meio da parceria entre o coletivo e a CAL. Participaram da mesa-redonda os artistas Glenio Bianchetti, Lêda Watson, Milton Marques, Fernando Aquino e Márcio Mota. Para mediar a discussão, estiveram presentes a professora da UnB Maria Beatriz de Medeiros e a diretora da CAL, Ana Queiroz.

Nuara Vicentini, coordenadora do projeto, abriu a noite de debates contando a história do Coletivo. A circulação da imagem e inserção da arte no cotidiano são pontos chave da iniciativa. Mas, apesar do ar inovador, a proposta do busdoor foi inspirada em um projeto de intervenção urbana do Rio Grande do Sul. Para Nuara, um projeto inspira outro e esse intercâmbio é muito importante para as artes. “Seria muito legal se outros projetos se inspirassem no Coletivo com Arte”, disse a coordenadora.

A gravura dos busdoor foi desenvolvida por cada um dos artistas com uma técnica diferente.

A artista Lêda Watson acredita que o projeto vai despertar nas pessoas o interesse pela arte
Lêda Watson trabalha há 44 anos com gravura em metal e faz isso sempre tentando transmitir conhecimento. “Os artistas, pelo conhecimento que adquirem, têm a obrigação moral de transmiti-lo”, diz. Os meninos do grupo de artistas plásticos Tuttaméia, por sua vez, brincam com o conceito de fuleragem*, ao fotografar a cambalhota de um jovem nu.
Independentemente da forma original, as gravuras foram transformadas em plotter para ilustrar lugares onde normalmente seriam exibidas publicidades. Os 60 espaços de publicidades em ônibus somaram 50% de todo o orçamento do projeto.

Durante o debate, Bia de Medeiros, professora da UnB, criticou o fato de sermos bombardeados por imagens no dia-a-dia e observou que a arte se torna um momento de respiro.
A novidade é quando o momento de respiro acontece no lugar da publicidade. “O Coletivo traz a possibilidade da arte fora da galeria, a arte sem dizer que é arte, e por isso provoca uma reflexão inusitada”, acrescentou Márcio Mota.

Para a professora Ariane Abrunhosa, a arte integrada ao cotidiano da população se torna um momento educativo. “É importante trazer esse contato com a arte desde cedo. E o Coletivo com Arte faz essa aproximação com o público de forma completa. Primeiramente com os busdoor, depois com a distribuição dos postais com as explicações do projeto e finalmente com o blog, que permite o aprofundamento do debate sobre a arte urbana”, comentou Ariane.
Luiza Mader, produtora do Coletivo, ressaltou a dificuldade do projeto em conseguir espaço para pendurar os banners. “Por falta de conhecimento, as pessoas não permitem a exibição. Acham que vai sujar o local ou causar distúrbio. Por esse motivo que o Coletivo com Arte quer continuar expandindo e explorando as aberturas pedagógicas da aproximação com o público”, explica.

Além da democratização, foi discutida a criação de uma memória das artes. Glenio Bianchetti é defensor de que o Estado deveria garantir mais incentivo para a criação artística e acompanhar o andamento dos trabalhos. Para tanto, uma memória deve ser feita.
Nesse sentido, o Coletivo se preocupou em registrar por meio de um mini-documentário, a reação das pessoas ao se deparar com a arte na rodoviária. O vídeo será exibido na rodoviária do plano piloto, no dia 11 de julho, na ocasião de encerramento do projeto.

Escrito por Brenda Monteiro
Foto: Mariana Pizarro

* Ação ou atitude de diversão descomprometida, mas amigável (Segundo Dicionário InFormal)




Onde saiu o Coletivo com Arte?

Veja outras reportagens sobre o Coletivo com Arte!!!

http://filipi.com.br/1507_artistas-mostram-sua-arte-nos-onibus-coletivos-do-distrito-federal.htm

http://edisilva64.blogspot.com/2011/06/arte-circulando-pela-ruas-do-df.html

http://www.marinamara.com.br/2011/06/14/arte-nos-onibus-do-df

http://encontroculturaldf.blogspot.com/2011/06/0-0-1-6224-35479-stj-295-83-41620-14.html

http://www.flickr.com/photos/marcellafnd/5841119373/in/photostream

http://www.acavart.org.br/

http://filipi.com.br/unbhj/unbhoje.11-07-11.pdf

http:///www.arteria.org.br/?cat=54

ACHA BRASÍLIA

O projeto Coletivo com Arte leva a obra de seis artistas para sessenta ônibus que vão circular pelo Distrito Federal a partir do dia 15 de junho (quarta). Os busdoors, aqueles adesivos aplicados nas traseiras de ônibus, são sempre ocupados por anúncios de publicidade. Obras de arte neste espaço seriam muito bem vindas, foi o que pensou Nuara Vicentini, foi provocar o deslocamento da arte, comumente restrita a galerias e museus, para o espaço urbano, ao propor que os convidados uma experiência de intervenção urbana. O projeto distribui 40 mil postais em nove terminais rodoviários da cidade, no IdA-UnB e na CAL.

Os artistas convidados são Glenio Bianchetti, Lêda Watson, Galeno, Milton Marques, Clarice Gonçalves e TuTTaméia.

Coletivo com Arte foi contemplado em 2010 com o primeiro lugar na categoria Projeto de Relevância Cultural Individual ou Coletivo pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

Rotas – Os ônibus com as obras plotadas farão as seguintes rotas: Água Mineral; Águas Claras; Águas Lindas; Arapongas e Estâncias; Bairro das Palmeiras; Núcleo Bandeirante; Ceilândia; Cruzeiro; Esplanada dos Ministérios; Estrutural; Gama; Guará; Jardim Pinheiro; L2Norte e Sul; Lagos Norte e Sul; Paranoá; Pistão Sul e Norte; Planaltina; Riacho Fundo; Rodoferroviária; Rodoviária do Plano Piloto; Samambaia Norte e Sul; São Sebastião; Setor Gráfico; Setor Norte e Leste; Setor O; Sobradinho; Sudoeste; Vale do Amanhecer; W3 Norte e Sul.

Debate – No dia 27 de junho, às 19 horas, os artistas do Coletivo com Arte promoverão uma mesa-redonda, no Auditório da CAL (térreo), que contará, ainda, com a presença da professora da UnB,Maria Beatriz de Medeiros, e da diretora da CAL, Ana Queiroz. Aberta à comunidade em geral, a Mesa visa à integração, democratização, divulgação e fomento das artes visuais.

No dia 11 de julho, às 18 horas, o projeto se encerra com a projeção do documentário Coletivo com Arte na Rodoviária do Plano Piloto.

http://www.achabrasilia.com/coletivo-com-arte/

Campus OnLine: Arte em busdoor inova e promove mais contato com artistas


fotos Marcella Fernandes


Sessenta ônibus circulam em todo o Distrito Federal, desde ontem (16), com imagens diferentes das recorrentes publicidades no busdoor. As obras expostas fazem parte do projeto “Coletivo com Arte” e pertencem a seis artistas locais. O grupo que realiza o intento surgiu em 2010 e ganhou o primeiro lugar na categoria “Projeto de Relevância Cultural Individual ou Coletivo” pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), o que viabilizou a proposta. A circulação dos ônibus com as obras vai até o dia 15 de julho.


Diversidade de técnicas e idades nos artistas do projeto "Coletivo com Arte":
Fernando Aquino, Marcio Mota, Francisco Galeno, Milton Marques e Glênio Bianchetti


“A máxima do projeto é a diversidade na circulação, acessibilidade e contato do público com a obra”, afirma Nuara Vicentini, coordenadora do Coletivo com Arte. Os ônibus passarão por 18 cidades do DF – Sobradinho, Planaltina, Guará, Gama, Lago Norte e Sul, Taguatinga, Riacho Fundo, Núcleo Bandeirante, Asa Sul e Norte, Águas Claras, Sudoeste, São Sebastião, Paranoá, Samambaia, Ceilândia e Cruzeiro - e duas do entorno - Águas Lindas e Valparaíso.

A inspiração veio do projeto “14 na Rua” de Pelotas/RS, que expunha trabalhos de 14 artistas em outdoors e distribuía cartões sobre as obras, numa tentativa de colocá-las em maior contato com o público. Fábio Baroli, programador visual e um dos coordenadores do “Coletivo com arte”, afirma que “tirar as obras do espaço convencional que é a galeria e colocá-las em um espaço legitimado pela publicidade, traz ao trabalho uma conotação de intervenção. A gente propagandeia os artistas de forma sutil”.


Para Nuara Vicentini,o projeto faz
a arte circular pela cidade


Laís Batista, 21, estudante de direito, comenta que é muito interessante ver algo mais artístico em ônibus e que deveria haver mais iniciativas similares. A estudante viu a obra de Clarice Gonçalves, uma das artistas convidadas, em um ônibus no Plano Piloto. “Essa é uma forma de divulgar e fazer com que as pessoas se interessem por cultura”, conclui.

Além da exposição em busdoors, serão distribuídos 48 mil cartões postais com a foto das obras e uma breve descrição dos artistas e do projeto. De forma gratuita, os postais estarão disponíveis em nove terminais rodoviários do DF, no Instituto de Artes da UnB (IdA) e na Casa da Cultura da América Latina da UnB (CAL).

Diversidade de gerações

O time de artistas convidados para o projeto foi escolhido pelos membros da comissão organizadoraa e reúne três gerações da arte em Brasília. Glênio Bianchetti e Lêda Watson são artistas da geração pioneira. Glênio tem 83 anos, trabalha com arte há 70, e diz que se algumas pessoas ficam constrangidas ao entrar numa exposição, desta vez a arte vai andar atrás delas, atrás do povo. Para Lêda, que faz arte desde os 19 anos, o projeto é precursor em sua carreira, pois oferece um intercâmbio direto com as pessoas.

Uma foto da gravura “Os encantamentos da Natureza” é o que a população brasiliense poderá conferir da obra de Lêda. Segundo a artista, o intuito foi mostrar sua paixão pelo cerrado. Já Glênio fez uma homenagem ao pintor francês Henri Mattisse, no quadro “Matissiana”.


Pintor Glênio Bianchetti a frente do ônibus que leva sua pintura, Matissiana


Francisco Galeno e Milton Marques são os artistas da geração intermediária. O primeiro fez os painéis da Igreja Nossa Senhora de Fátima e escolheu uma foto deste trabalho para expor nos ônibus. “Quis mostrar o trabalho na igrejinha, pois ele fala de coisas que flutuam e, por isso, tem a imagem de uma pipa”, diz Francisco. O pintor afirma que ainda é desconhecido em Brazlândia, onde vive, e que busca demonstrar o saudosismo de uma infância no nordeste. Milton, que vive e trabalha no Gama, acha importante suas obras fazerem parte do cotidiano das pessoas. “A obra foi para representar algo que está no dia-a-dia das pessoas, que é o dinheiro, e distorcê-lo, desmistificá-lo”.


Artistas plásticos Fernando Aquino e Márcio Mota, do TuTTaméia, ao lado da obra Fuleragem Campestre


O grupo artístico TuTTAMéia, composto por Fernando Aquino e Márcio Mota, participa com a obra “Fuleragem Campestre”, produzida  exclusivamente para o projeto. “Optamos por trabalhar com o conceito de fuleragem, pois traz a ideia de liberdade. O nu carrega isso”, afirma Márcio. De acordo com Fernando, a obra vai causar estranheza, mas é a linha de trabalho que querem seguir. Clarice Gonçalves representa a terceira geração de artistas ao lado do TuTTAMéia. Moradora de Taguatinga, a artista de 25 anos é a mais nova da turma e escolheu sua pintura “E todo homem honrado professa, de resto, o aperfeiçoamento da espécie”.

Fim de circulação

O encerramento será dia 15 de julho na Rodoviária do Plano Piloto, com a exibição de um curta documentário sobre o projeto “Coletivo com arte”. No dia 27 desse mês, haverá uma mesa redonda aberta à comunidade, às 19h, no auditório da CAL, com a presença dos artistas participantes do projeto, da professora da UnB Maria Beatriz de Medeiros e de Ana Queiroz, diretora da CAL. O debate abordará os temas da democratização, integração e divulgação da arte.




Correio Braziliense - Diversão e Arte


FOTOS


Os ônibus e seus horários apressados — ou atrasados. Motivo de desespero para quem chegou esbaforido na parada e, literalmente, comeu poeira. Ou de resignação para quem encara o vidro traseiro do veículo com olhar desolado, consciente de que a linha que tanto espera ainda vai levar um tempo para aparecer no horizonte. E se a aparência metálica do transporte rodoviário, com aquele colorido desbotado e empoeirado, servisse de moldura para uma obra de arte? Pensam assim os integrantes do Coletivo com Arte que, já na primeira ação, arriscam meter o bedelho no espaço reservado à publicidade, o busdoor (vidro de trás): em vez de anúncio de promoções ou ofertas imperdíveis, o pessoal do coletivo convocou artistas da cidade para contribuírem com reproduções de obras. Sessenta unidades do transporte coletivo local, devidamente decoradas, saíram às ruas ontem, com rotas no Plano Piloto e em regiões administrativas do DF, e vão circular até 15 de julho.


Com participação de Glenio Bianchetti, Lêda Watson, Galeno, Milton Marques, Clarice Gonçalves e TuTTaméia (Márcio Mota e Fernando Aquino), o projeto foi aprovado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC). O passageiro que por acaso “perder a viagem” pode retirar um dos 40 mil postais com as obras impressas nos principais terminais rodoviários do DF. Nina Menegale, da equipe de cinco pessoas do coletivo, acredita na força da arte como agente mobilizador do cotidiano. “A ideia é abrir para a comunidade, levantar questões sobre intervenção urbana”, define.


Um dos colaboradores, Glenio Bianchetti aprova a inserção da sua tela Matissiana numa moldura ambulante. “Além da divulgação, tem a participação do povo, as coisas chegam até ele. Tem muita gente que não entra numa sala de exposição por preconceito, por achar que é coisa de grã-fino”, explica o pintor, ilustrador e tapeceiro natural de Bagé (RS) e radicado em Brasília desde 1961.


A jovem Clarice, 25 anos, apresenta o óleo sobre tela E todo homem honrado professa, de resto, o aperfeiçoamento da espécie como a peça escolhida para vagar pelas ruas. “É aí que está o aspecto contemporâneo da arte. A interação com todos os meios”, pensa a moradora de Taguatinga.


O multiartista Milton Marques, residente no Gama, não está exatamente ligado ao universo de desenhos e pinceladas dos colegas. Ele prefere a subversão de objetos proposta em instalações, o que não o impediu de ver uma criação sua plotada às costas de um coletivo. “A minha ideia transcende um pouco a questão do suporte. É uma nota de US$ 100 que eu girei em cima de um scanner. E aí, de várias tentativas, em uma delas consegui a forma que queria, uma conotação quase que de um animal. É um trabalho sobre mudança”, descreve. A arte trafega sem congestionamento. E não cobra passagem.


COLETIVO COM ARTE
Sessenta ônibus com reproduções de obras de artistas brasilienses circulam até 15 de julho. No dia 27, às 19h, mesa-redonda com artistas e acadêmicos no auditório da Casa da Cultura da América Latina (CAL), na UnB. Em 11 de julho, às 18h, encerramento do projeto com projeção do documentário Coletivo com arte, a rodoviária do Plano Piloto. Informações: 8103-5628 e 9618-5997.